quinta-feira, 30 de junho de 2011

Paris

Um pouco de Paris, o Siena e a Torre Eiffel

O novato precisa admitir que Paris foi um dos posts mais difíceis de se escrever até agora. Isso porque a Cidade Luz é muito rica em detalhes, algo que seria melhor captado por uma alma feminina. Meu coração de ogro me limita bastante nestas circunstâncias, mas farei o meu melhor.

Havia muita expectativa em torno da visita a Paris, mesmo porque muitos amigos (em especial as amigas) me perguntavam com frequência se eu já tinha ido a Paris e quando iria. Alguns pediram fotos em locais especiais que ouviram falar que existem lá. E após algumas conversas, a gente acaba por descobrir que a cidade exerce um significativo fascínio sobre os brasileiros, o que se comprova pela grande quantidade de turistas de nosso país que podem ser vistos (e ouvidos em bom português) quando se caminha pelas ruas da cidade.

E falando em caminhar, as caminhadas são longas. Paris é uma cidade que, embora antiga e com muita história, foi totalmente replanejada nos séculos XVIII e XIX, o que faz com que ela possa ser considerada uma cidade jovem, dentro dos padrões europeus. Devido ao planejamento, tudo é grande: as avenidas, os passeios, as construções e as praças. Você precisa andar muito entre um ponto de visitação e outro, e muitas vezes é melhor se valer do metro para tal.

Assim como Veneza, Paris é muito diferenciada em detalhes e ao mesmo tempo uma cidade muito cara. A impressão que dá é que a cidade é um verdeiro paraíso para os designers, pois se vê muita coisa diferente em termos de arquitetura, artes, moda, as quais infelizemente não tenho como descrever com a devida propriedade porque sou meio avesso à essencia destas coisas. Vou deixar que as fotos falem um pouco por si.

Os pontos altos para o novato foram a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo e a Catedral de Notre Dame (o Louvre não está nesta lista porque é um passeio a parte). Os três são bem distantes uns dos outros, tanto que optamos por visitá-los em dias diferentes. A Torre Eiffel e o Arco do Triunfo não fogem àquilo que a gente imagina sobre os mesmos pelas fotos. A primeira impressiona bastante por sua estrutura de metal entrelaçada de forma complexa e por ser sem dúvida a assinatura de Paris (e talvez mesmo da França). O Arco do Triunfo, por sua vez, fica em um movimentado eixo de conexão urbana para os automóveis que circulam pela cidade. Seu tamanho também chama a atenção, bem como os detalhes nele esculpidos, dando boas vindas àqueles que chegam a cidade. Quanto a Notre Dame, é preciso não confundí-la com outras igrejas, pois existem várias na cidade, uma vez que o nome designa uma igreja dedicada à "Nossa Senhora". E assim como no Brasil, existem muitas por aqui. A correspondente à famosa história do corcunda de Notre Dame fica em uma ilha no meio do Siena e é possível visitá-la cruzando-se uma das pontos sobre o rio. Nos três pontos, vamos encontrar muita gente e filas, principalmente para a subida na Torre Eiffel e para entrar em Notre Dame.

Ao mesmo tempo que é uma cidade moderna, Paris consegue mesclar vários aspectos que a tornam também uma cidade aconchegante. É comum, por exemplo, você passar por um conjunto de lojas e na quadra seguinte encontrar um parque ou uma área residencial, com crianças jogando bola nos gramados ou famílias passeando. A idéia que passa é que o projeto da cidade permitiu que não se perdesse de vista os aspecto residencial da mesma. A gente nota que é possível morar com uma excelente qualidade de vida praticamente no centro do Paris. Mas é claro, os custos serão bem salgados!

O novato na Chanselise
Ao final do dia, o novato disse até logo a Paris, pois esta semana ele ainda retorna lá, para conhecer o Louvre. Ficou a idéia de uma cidade moderna, com monumentos e construções grandiosas, cujo resultado final justifica toda a atenção que a ela é dada. A capital da França faz juz a imagem que estou formando do país, até o momento. Sem dúvida alguma, um lugar que todo mundo que tiver a oportunidade de conhecer precisa fazê-lo.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Ainda a Normandia

É preciso realmente tirar o chapéu para a França e para os franceses. Não sei se os traumas vividos pelo novato na Itália têm algo a ver com isso, mas o fato é que estes últimos 5 dias na França, mais especificamente na Normandia, estão sendo muito bons.

Em todos os contatos até agora, o povo francês têm se mostrado muito educado e atencioso. Diferente do que ouvi de alguém uma vez, ninguém até agora ficou irritado comigo por eu não falar francês. As pessoas em geral entendem que você não fala a língua deles e conversam em inglês o suficiente para manter a comunicação (pelo menos aqui na Normandia). Ah, e algo bonito de se ver é as pessoas se cumprimentando nas ruas, nas entradas dos estabelecimentos comerciais, dizendo bonjour, mercy e au revour pra você, mesmo que você seja um completo estranho.

Hoje o dia envolveu um longo tour de carro, mas com a visita a lugares muito interessantes, sendo que os três pontos altos foram um castelo medieval, as falésias na Normandia e uma pequena cidade francesa do século XI devidamente conservada (para fins turísticos, é claro).

As ruínas do Chateau de Gallard, um castelo medieval construído pelo Rei Ricardo Coração de Leão no final do século XII, é um local incrível de se visitar, principalmente pela vista que se tem a partir do mesmo. O castelo fica no cume de um alto monte, dando uma visão privilegiada do Rio Siena e do vale que virtualmente é o portão de entrada da Normandia. Em um período quando a Normandia era um território independente, muito cobiçado pelos ingleses, o castelo constituia um ponto militar altamente estratégico, mas que não prevaleceu por muito tempo. Logo após a morte do Rei Ricardo, os franceses avançaram sobre a Normandia, tomando o castelo e pouco depois o destruindo parcialmente. Hoje, suas ruinas permanecem como patrimônio cultural e realmente vale a pena visitá-las.

As falésias da Normandia são famosas, e o ponto de visitação das mesmas permite uma visão memorável de boa parte de sua extensão na costa norte da França. Infelizmente, devido à neblina baixa, as fotos não retratam tão bem o cenário que se vislumbra: um imenso despinhadeiro dando direto para o mar. A gente está tão acostumado com praias que uma visão como essa encanta à primeira vista.

O último ponto de visitação é uma pequena cidade francesa, quase uma vila, chamada Honfleur, próxima La Havre, que por sua vez abriga um dos maiores portos da França. Honfleur é uma charmosa cidadezinha devidamente conservado para apresentar aos turistas uma boa idéia de como eram os vilarejos franceses no passado, e ao mesmo tempo vender tudo o que for possível em termos de souveniers e produtos típicos da região, dos quais se destacam os doces, os queijos e as bebidas destiladas. O local é famoso por ter servido de inspiração a renomados artistas franceses, entre eles Monet, o mestre do Impressionismo. Confesso que à primeira vista o local não me chamou muito a atenção, mas depois de uma caminhada a gente começa a apreciar os detalhes das construções antigas, como uma igreja erguida em madeira rústica. Honfleur também foi no passado um porto às margens do Siena, e assim concentra diversos barcos pequenos (muitos deles com certeza de turistas), o que dá um charme ainda maior ao vilarejo, tornando a visita muito aprazível.

E a viagem pela França continua até sábado. É o último país na epopéia do novato, assim, o lema é aproveitar ao máximo. Ainda nos próximos dias, Paris e o Louvre!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Omaha Beach

O novato quase não acredita que está escrevendo este post. Isso porque visitar Omaha Beach foi uma dessas coincidências raras que a gente experimenta na vida, e cuja a história merece ser narrada aqui nos mínimos detalhes que esse post permitir.

Tudo começou há uns dois meses ainda no Brasil, quando, em conversa com seu nobre e antigo amigo Otávio Teobaldo (a ele nossa menção honrosa de hoje), o novato perguntou ao ilustre se este gostaria de ganhar algum souvenir especial da Europa e o salafrário, em um tom desafiante que lhe é de praxe, respondeu: "Cara, me traga um pouco de areia de Omaha Beach!". Eu nem sabia direito onde Omaha Beach ficava na França, e pra dizer a verdade, em um primeiro momento demos risada dessa idéia, pois parecia (e de fato é) algo totalmente fora dos padrões de um brasileiro que visite a França. Todavia, quando já na Inglaterra, comentei essa história com o Stuart, pra minha surpresa ele disse: "podemos fazer isso, pois Omaha Beach fica a poucos quilômetros do local onde vamos ficar na Normandia".

Bem, antes de qualquer narrativa, é importante dar uma explicação sobre Omaha Beach, algo que pode ser familiar aos fãs de Battlefield 1942 (esse sim era um jogo legal), mas nada intuitivo  para alguém que não conheça os detalhes da história. Omaha Beach é na verdade o nome da operação militar conduzida pelas forças americanas durante a invasão da Normandia em 6 de junho de 1944, na tentativa de libertar a França do domínio nazista. Esta operação, que na verdade foi apenas parte de uma grande investida militar conhecida na história como o Dia D, é muito bem ilustrada em filmes como "O Resgate do Soldado Rian". Embora tenha tido sucesso em seus objetivos, foi um ato de estratégia absolutamente infeliz por parte dos americanos, uma vez que aproximadamente 80% do seu contingente literalmente morreu na praia. Mas, de qualquer forma, como vencedores, os americanos comemoram muito essa batalha e o Dia D é estabelecido como o marco para todos os países aliados da Segunda Guerra, e principalmente a França, que passou a chamar oficialmente esta praia de Omaha Beach desde então.

E o passeio em Omaha Beach é algo realmente legal. Desde as proximidades da praia até de fato chegarmos às suas ondas, é possível ver e fotografar elementos relacionados à batalha, tais como os blindados utilizados na época ou ainda os bunkers alemães, que tanto trabalho deram aos pobres soldados americanos. Ao desembarcarem na praia sob fogo cerrado, tiveram que subir pelas encostas até os bunkers, desviando das metralhadoras e dos arames farpados. Não é de se admirar que tantos tenha morrido no trajeto. Ao observar as encostas das praias, inclusive as falésias em suas extremidades, confesso que passei a admirar mais ainda o realismo do Battlefield 1942, que reproduz com muita fidelidade todo este cenário, inclusive as construções de pedra que podem ser encontradas após a praia, com os mesmos detalhes arquitetônicos descritos no jogo.

Não longe dali, visitamos um outro ponto de desembarque de tropas, que acabou por se tornar um porto improvisado para os aliados. Vê-se no mar, a uns 500 metros da praia, uma plataforma de blocos de concreto improvisada a partir de navios afundados. Foi a partir dali, durante os dias que se seguiram ao Dia D, que as tropas aliadas foram abastecidas com suprimentos, pois diante de uma derrota iminente, os nazistas bateram em retirada, queimando e destruindo tudo que encontravam pais adentro, de forma a tornar impraticável que a operação militar aliada fosse mantida com recursos locais. Entretanto, a guerra acabaria poucos meses depois, uma vez que os exércitos nazistas já se encontravam estagnados pela resistência russa na Europa Oriental.

Ao visitar Omaha Beach, é impossível não refletir a respeito dos detalhes da maior guerra que o mundo já vivenciou, e chegar à conclusão que numa guerra dificilmente há vencedores. Quem ganha na verdade são uns poucos autodenominados homens de negócio que tiram proveito dos conflitos para fortelecer suas posições políticas e econômicas, com certeza em um local muito distante dos campos de batalha. Novamente, volto a escrever que o impacto que a Segunda Guerra teve sobre a Europa salta aos olhos, mesmo 70 anos depois. Com isso, fica a esperança de que as próximas gerações entendam o recado e não cometam os mesmos erros.

domingo, 26 de junho de 2011

Deauville

Deauville é o primeiro destino do novato na costa noroeste da França, região da Normandia, e aqui vale uma explicação sobre meu recente itinerário. Estou na verdade viajando a tiracolo, pegando carona com a Alessandra e o Stuart em algo similar a uma legítima viagem de férias de britânicos. É muito comum que estes usufruam das praias francesas e espanholas durante o verão europeu, uma vez que mesmo nesta estação as praias de suas ilhas continuem muito geladas para banho de mar (e em alguns casos mesmo banho de sol).

Enfim, Deauville foi a cidade escolhida por minha irmã e seu esposo, e talvez não seja fácil nem mesmo encontrá-la no mapa. A cidade é um pequeno e aconchegante centro de lazer que já foi no passado muito exclusivo, mas hoje é um lugar acessível aos europeus de classe média. Estamos em um alojamento estilo kitnet, muito confortável e bem equipado, nos permitindo preparar nossa própria comida e com isso tornar a viagem bem mais econômica, pois o preço dos restaurantes franceses infelizmente não são tão convidativos quanto o aroma dos pratos do menu.

Hoje fiz o primeiro passeio pela cidadezinha, em uma caminhada de aproximadamente 2 km em direção à praia. Durante o trajeto, é possível ter uma boa idéia das cidades francesas. Ainda que próximo à orla, como acontece em qualquer cidade praiana provavelmente em todo o mundo, a tendência seja encontrar hotéis requintados e até mesmo um cassino, as construções um pouco mais afastadas são bem mais simples e indicam possivelmente o local de moradia dos verdadeiros habitantes da cidade. Porém, do simples ao requintado, percebe-se que o francês tem um capricho especial por sua arquitetura. Todas as casas apresentam de alguma forma detalhes que as diferenciam das demais, e isso pude observar também em outras cidades francesas pelas quais passamos no caminho até aqui.

A praia dos franceses não é das mais belas. Talvez esse seja o julgamento de um brasileiro que utilize como referência as maravilhosas praias que temos no Brasil, desde o litoral do Nordeste até Santa Catarina. A praia aqui é simples. O mar não apresenta uma cor atrativa como aquele azul oceano ou verde esmeralda. A limpeza também deixa a desejar. Ao caminhar-se pela areia molhada a gente encontra fragmentos de garrafas e embalagens plásticas, mostrando-se que o se joga no mar muito mais do que ele poderia dar conta. Ainda assim, é uma praia como estamos acostumados a ver, repleta de guardas-sóis e banhistas disputando seu lugar ao sol, literalmente. Ah, e a infraestrutura também dá um show em nossas praias brasileiras. Existem além dos quiosques locais próprios para que os banhistas guardem suas coisas ou mesmo descansem. Até o espaço destinado ao mar é bem respeitado, não existe essa de autorizar lotear terrenos a 10 metros do mar. A gente caminha por quase 100 metros desde as áreas construídas até o ponto onde as ondas quebram de fato, mostrando que existe um respeito para com os limites do mar e um limite com respeito à ganância imobiliária, tão comum nas cidades praianas no Brasil.

O que mais chama a atenção do novato são as semelhanças entre as pessoas. Na praia, elas são exatamente as mesmas, independente da língua que falam ou da moeda que trazem no bolso. Elas tomam sol, jogam bola, comem quitutes típicos e exibem suas gordurinhas sem qualquer remorso. Aparentemente, os fatores que constroem nosso conceito de praia são muito mais as pessoas do que as belezas naturais.

sábado, 25 de junho de 2011

Vive la France

Vista parcial de Notre Dame
O novato tem hoje a difícil tarefa de sintetizar as últimas 72 horas em um único post, até mesmo para evitar a síndrome de ficar vivendo do passado. Mas acredito que ele tem condições plenas de fazer isso em uns poucos parágrafos, então vamos lá!

Após uma extenuante viagem de trem de quase 24 horas, consegui finalmente dizer adeus à Itália e chegar a Paris. Como se fosse um presente grego de despedida, me deparei com uma paralisação dos trens na Itália, que até agora não entendi direito do que se tratava, uma vez que eles não dão quaisquer informações, apenas mandam você esperar. Quando o serviço foi reestabelecido após quase 3 horas, era gente a dar de rodo, e consequentemente todos os trens atrasaram. Finalmente consegui embarcar para Roma, e em Roma pegar um trem noturno para Paris. Aqui segue uma recomendação: quando precisar viajar de Roma para Paris, NÃO pegue um trem noturno italiano. Esses trens são lentos, sujos e nada confortáveis. A dica (que gostaria de ter descoberto antes) é ir até Milão em um trem rápido (o que vai levar em torno de 3 horas) e em Milão pegar um trem francês para Paris (que fará o trajeto em 6 horas). O trem noturno que peguei levou mais de 15 horas para percorrer o trajeto, e por motivos obscuros, parava em várias estações, permanecendo mais de 30 minutos em algumas delas.

Primeira visão do Arco do Triunfo
Quando se chega em frangalhos em Paris, após uma viagem cansativa como a descrita acima, torna-se impossível aproveitar a cidade, e para minha sorte, não era esse o plano. Uma vez que encontrei-me com minha irmã e seu marido em Paris, o itinerário de viagem agora segue por conta deles e eu volto a ser um convidado e expectador. Assim, ficamos apenas por algumas horas em Paris, o suficiente para ver a Catedral de Notre Dame, caminhar pele Quarta Latina (e jantar por lá também, é claro) e passar de carro por alguns pontos importantes, como o Louvre e o Arco do Triunfo. Mas isso sem problemas, pois o plano é voltar a Paris com calma nos próximos dias, algo que pode parecer frustrante para alguns de meus amigos que lêem esse blog e esperavam ansiosamente por Paris. A estes, peço mais um pouco de paciência. Mas posso antecipar que Paris é realmente uma cidade atrativa e muito diferente de todas as demais, mas isso fica para um post específico sobre o tema.

Seguimos viagem no dia 25 rumo a Deauville, uma pitoresca cidadezinha a noroeste de Paris, na região da Normândia (para felicidade suprema do meu amigo Teobaldo, que muito em breve receberá a menção honrosa deste blog), próxima à praia francesa. No caminho, tivemos problemas com o carro, o que apesar de ser um inconveniente, nos deu uma oportunidade única de conhecer Rouen (outra cidade no caminho) e experimentar um pouco da hospitalidade francesa. O carro apresentou problemas ainda na estrada, mas o Stuart conseguiu conduzir até a entrada da cidade, onde estacionamos em uma rua residencial e chamamos o resgate da seguradora a partir dali. Não demorou muito para que alguns moradores viessem a rua para descobrir o que havia acontecido. Com um pouco de dificuldade na comunicação, os moradores foram muito atenciosos para conosco, inclusive oferecendo ao Stuart a opção de guardar o carro na garagem de uma das casas. Foram ao todo 6 horas de espera um excelente exemplo de globalização: uma seguradora britânica enviou um mecânico francês para consertar o carro alemão onde viajava o novato, brasileiro. Após os detalhes, seguimos viagem, chegando a Deauville no final do dia.
Vila em Rouen, onde o carro quebrou

E amanhã, vamos descobrir mais sobre a França!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Itália acaba em pizza

Conheci um italiano em Berlim, que me disse o seguinte: "não vá a Napoles, mas se for, não deixe de comer uma pizza".

Uma das descobertas do novato é que o napolitano é tratado com bastante preconceito pelos demais italianos. E mesmo o napolitano parece se considerar um cidadão à parte do resto da Itália. Quando cheguei no hostel em Napoles, quis elogiar a comida da cozinheira, dizendo que o nhoque que ela preparava era um legítimo prato italiano. Ela, franzindo o cenho, respondeu: "Italiano, não! Napolitano". O fato é que o italiano é muito orgulhoso de sua Itália, e o napolitano, em especial, de sua comida. A eles é atribuida a invenção da pizza (com data tão longiqua que ninguém consegue lhe informar exatamente em qual século).

Assim, seguindo parcialmente o conselho de meu amigo italiano, decidi que precisava provar uma pizza de Napoles, e isso aconteceu há duas noites. Esperei no entanto para narrar esta experiência hoje por dois motivos: primeiro, se a pizza não me fizesse bem, não iria merecer um post só para ela; e segundo, hoje estou em trânsito para a França e não poderei postar nada ao vivo (assim, usamos o recurso de post programado).

Minha aventura gastronômica teve a participação especial de três amigas brasileiras que conheci aqui em Napoles, e que muito fazem juz à menção honrosa deste blog, autorizando até a publicação de suas fotos. Camilla, Carol e Talita foram muito simpáticas com o novato em todo o tempo, partilharam da companhia e da pizza e ainda tiveram a bondade de dividir com ele informações estratégicas sobre a vida e o universo feminino (algo que possívelmente nunca conseguirei entender de fato e muito menos sintetizar em equações diferenciais, infelizmente).

Tomando os devidos cuidados para se caminhar em Napoles à noite, descemos de ônibus até a orla marítima e após uma breve caminhada, encontramos a pizzaria que nos foi recomendada, e que estava fechada. Mas encontrar uma pizzaria em Napoles realmente não é problema, e poucos metros a frente havia uma segunda pizzaria, inclusive muito bem recomendada por um cartaz deixado na porta da primeira. Fomos muito bem recebidos pelos atendentes (também, pudera, com três belas mulheres como companhia, até a mim eles tratavam bem) e logo estávamos solicitando nossos pratos. A idéia foi provar uma legítima mussarela de búfula (com tomate e rucúla acompanhando) e pedirmos quatro pizzas para dividir os sabores.

Como as pizzas acabam sendo individuais (e não haviam pratos para repartí-las devidamente), a Talita teve a idéia mais original e bem bolada que eu já ouvi em termos de pizza: improvisar literalmente um rodízio. Cada um comia uma fatia e depois trocava os pratos, em sentido horário, para não gerar confusão. Devo admitir que a idéia parecia coisa de engenheiro, inclusive com todos os prós e contras que toda idéia de engenheiro tem. E foi dessa forma que consegui comer um rodízio de pizza em Napoles, algo que para o legítimo napolitano possivelmente seria abominável! Mas fui comportado o suficiente para não perguntar se eles tinha ketchup (acho que eles teriam me expulsado da pizzaria).

Sobre a pizza napolitana, ela encanta aos olhos e é também muito boa ao paladar. Acredito que o segredo de fato está na massa. Ainda que eles possuam todo um ritual para preparar os recheios (ou coberturas, como preferir), a massa é que realmente chama a atenção pelo sabor e leveza. Entretanto, devo dizer que as boas pizzas que temos no Brasil não ficam devendo para a boa pizza napolitana (notem que me refiro às boas pizzas, Big Pizza não conta), assim você não precisa vir a Napoles para descobrir isso. De qualquer forma, comer uma pizza genuinamente napolitana é algo que sempre sai naquelas listas de "100 coisas para fazer antes de morrer", então seguir o conselho de meu amigo italiano foi de fato algo importante.

E assim encerro minha passagem pela Itália. Descobri muita coisa por aqui. E não sei se volto algum dia... Talvez para comer outra pizza. E a viagem continua. O próximo post muito provavelmente terá sabor de croissant!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Napoli Sotterranea



Duas coisas estão se tornando um padrão para o novato nos últimos dias. A primeira é aparecer na foto sempre com as mesmas camisetas. A segunda é estar sempre fotografando ruinas greco-romanas. Bem, uma breve explicacão sobre os dois padrões adotados, antes que alguém pense que estou tão mau cheiroso quanto Napoles ou que não tenho outra coisa para fotografar.

Para viajar leve, escolhi trazer comigo apenas 3 camisetas dry, que vou usando e lavando embaixo do chuveiro mesmo, a cada dia. Não sou um exímio lavador de roupas, mas posso garantir que elas ficam cheirosinhas e secam rápido. Também tenho tomado banho todos os dias, mesmo em Napoles! E as ruínas, a questão é simples: coisas antigas, relacionadas a história, me interessam bastante, muito mais do que os trabalhos requintados dos artistas italianos da renascença. Assim, aqueles que queriam ver estátuas de nus artísticos, por favor, me perdoem... Fica pra próxima viagem.

Agora, falemos da Napoli Sotterranea, nome comumente dado ao conjunto de ruínas subterrâneas da cidade, que datam dos séculos III e IV AC (pensem nisso, é quase 2.500 anos)! Conforme comentado ontem, Napoles foi uma importante cidade ainda na período helenístico, e mescla muito da cultura grega e romana. Quando os romanos chegaram por aqui, acharam as construções gregas muito simplórias (tipo casas) e decidiram construir mais por cima (fazer sobrados, por assim dizer). Resultado: as dezenas de séculos foram pouco a pouco fazendo com que novas construções literalmente se sobrepusessem às antigas, e hoje tem-se no subsolo de Napoles uma verdadeira cidade subterrânea, um filé mignon para os arqueólogos.

Mas, como tudo em Napoles, visitar as ruinas no subsolo pode ser algo extremamente complicado, pois pra variar você não encontra nenhuma indicação turística que diga de forma clara "as ruínas estão ali". Após pedir muitas informações, você descobre que existem várias empresas na cidade que oferecem este tipo de passeio, e cada uma possui o seu "pedaço" das ruínas. A triste conclusão é que se você quiser visitar todas, terá que pagar muito caro. A opção é escolher uma delas e torcer para que ela seja suficientemente representativa em relação às demais. Feito isso, o novato optou por visitar as ruínas do Museu Arqueologico Scavi, que correspondem a um antigo centro comercial da época da colonização grega, sobreposto posteriormente por edifícios romanos e finalmente por uma igreja, já na idade média.

Em um primeiro momento, recebemos de um guia falando francês (por sorte uma boa alma traduziu-me os pontos obscuros para o inglês) as orientações sobre como o centro comercial que visitaríamos funcionava, os tipos de serviço oferecidos, a localização de cada um deles nas ruínas e a explicação sobre como os arqueológos chegaram a tais conclusões. Após ouvir isso, começa a exploracão, uma descida de pouco mais de 10 metros no subsolo e um passeio pelas galerias de uma edificação que prende a atenção e os olhos (pelo menos para os que gostam de ruínas e de história).

Andando pelas galerias, a gente vê e aprende muita coisa. A começar pela diferenca entre as técnicas de construção grega e romana; a primeira utilizando blocos de pedra e a segunda tijolos de argila. Em seguida, é possível observar os locais destinados às atividades comerciais desta antiga edificação. Há uma lavanderia, descoberta devido aos tanques utilizados para lavar roupa, e um restaurante, com fornos para cozinhar e inclusive uma janelinha de quiosque, onde as pessoas faziam seus pedidos e pagavam por ele. Há até mesmo um banco, cuja existência os arqueólogos deduzem em função do tamanho e do formato das portas utilizadas para o recinto.

Chama a atenção também pios mosaicos que ainda podem ser vistos parcialmente nas paredes das antesalas mais importantes, e mesmo um piso rústico de um tipo de mármore considerado muito raro, o bastante para que mesmo os napolitanos se preocupem em que ninguém pise sobre ele, para não danificá-lo. No fim das contas, a conclusão que se chega é que a organização social de 2.000 anos atrás era em muito parecida com o que temos hoje, guardadas as devidas proporções.

E este foi o passeio do dia. Deixo a Itália amanhã, e estou guardando um post especial sobre culinária. Mas isso é assunto para um outro dia.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Napoles

Cumprindo-se a promessa, vamos falar sobre Napoles!

Napoles é uma cidade de intensos contrastes. Convivem em um mesmo espaço a grande beleza natural da cidade, banhada por um braço do Mar Mediterráneo, com lindas paisagens, e o descarado descaso das autoridades para com a infraestrutura da cidade, com uma política que não facilita em nada sua visitação. É curioso porque aqui se retrata muito bem o estereótipo que todo o brasileiro (e muitos outros estrangeiros) têm do italiano: o latino sangue quente, que fala alto, está sempre envolvido em dramas familiares e tem uma lábia muito afiada. Tudo isso se torna muito real ao se caminhar pelas ruas de Napoles.

Antes, um background histórico. Napoles possui registros de habitação desde o século VII AC, e foi uma importante colônia grega na antiguidade, passando em seguida a integrar o Império Romano. A cidade mescla muito da cultura helenística e romana e é possível perceber em suas construções o quanto de história existe ali, isso sem falar na Napoles subterranea, que ainda será tema de um post do novato.

Mas falando no novato, vamos a suas impressões, começando pelos pontos negativos. Se você um dia ouvir alguém falar que o Brasil é um lixo e quer viver na Italia, pergunte se ele conhece Napoles. Napoles é literalmente um lixo! Isso porque o sistema de coleta pública de lixo funciona apenas 2 dias por semana, e recolhe apenas o que conseguir fazer nestes dias. Assim, o lixo se amontoa aos montes nas ruas (eu ia postar uma foto dos montes de lixo, mas achei que seria apelação), o que faz com que o cheiro não seja muito convidativo. Às vezes a gente caminha muito para encontrar um lugar aparentemente limpo para comer, pedindo a Deus que sua refeição tenha sido preparada bem longe daquele monte de lixo. Outro problema sério é a postura do italiano. Em geral, italianos são muito mau educados com os turistas, quando se trata do sexo oposto. Isso mesmo, descobri logo que quando necessito pedir informações nas ruas, devo fazê-lo a mulheres. Por outro lado, nos passeios que fiz em grupos, quando as mulheres pediam informação, os italianos machos eram muito educados em explicar direitinho e com toda a paciência, correndo o risco de pegar a moça pela mão e levá-la até o local.

Todo esêse caos que se percebe ao passear pelas ruas da cidade é um tanto desapontante, pois a riqueza histórica e cultural é visível, mas não bem conservada como se vê em Roma e Veneza. Os monumentos centenários estão pichados, ou mesmo passam desapercebidos entre as montanhas de lixo. As pessoas não parecem se dar conta disso, e essa postura justifica o julgamento preconceituoso que os demais italianos fazem de Napoles: de uma cidade não amigável e mesmo repleta de criminosos.

Por outro lado, há lugares belíssimos, como as paisagens do Mediterrâneo e as praias de rochas (isso mesmo, não tem areia nas prais de Napoles). Nestas regiões vêem-se iates e limosines, mostrando que onde o dinheiro impera não há problemas de lixo ou sujeira. Algumas construções também surpreendem pela riqueza dos detalhes, como os palácios construídos próximo a orla marítima.

Na volta para o hostel, um ônibus cheio de pessoas, naquela empurra-empurra danado, um calor de 30 graus e todo mundo fedido, com os italianos a falar alto de tal forma que você se sente em meio a uma verdadeira briga de família. Considerando-se a forte influência que a imigração italiana tem sobre nosso país, pode-se afirmar que qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Pompeia

Pompeia, e ao fundo, o Vesúvio

O novato está em Napoles há dois dias, controlando-se para não escrever coisas negativas sobre a cidade. Ele decidiu fazer uma avaliação de 3 dias antes de emitir uma opinião definitiva, então enquanto o prazo não se encerra, vamos falar de um lugar que é com certeza muito interessante e surpreendente: Pompéia.

Desde criança, eu sempre tive muito interesse em visitar essa cidade museu, que em 79 AD foi parcialmente sepultada por uma repentina erupção do Vesúvio. Curiosamente, as ruínas permaneceram soterradas por quase 1700 anos, mas desde então têm se tornado uma relíquia arqueológica pelo fato de conservar de forma quase intacta muitos artefatos que auxiliam a entender como era a vida cotidiana nas cidades do antigo Império Romano.

A visita a Pompeia a partir de Napoles é muito fácil, pega-se um trem metropolitano que deixa você em uma estação a pouco mais de 200 metros da entrada para a área de visitação. A antiga Pompéia é um misto de parque turístico e museu, e segue de certa forma a mesma estrutura do Foro Romano, ou seja, há lugares de visitação onde são expostos artefatos encontrados, assumindo assim as características de um museu. O local é bem preparado para a visitação, e embora seja bem movimentado, é possível ver e fotografar muitas coisas sem o inconveniente das filas.

Chama a atenção a organização da antiga cidade. Vê-se ruas organizadas devidamente em quadras, com as casas distribuídas de forma regular, em alguns pontos havendo até calçamentos para pedrestres. Algumas construções comuns que revelam aspectos históricos da cidade, bem como as casas mais luxuosas, recebem especial atenção, com a exibição de textos explicativos sobre o que foi descoberto nestes lugares ou, em se tratando de um lugar público, para que serviam. É possível descobrir, por exemplo, que os habitantes de Pompeia apreciavam almoçar fora de casa, pois foram encontrados vários lugares para venda de comida preparada (como os restaurantes) que entre as ruínas apresentavam comida petrificada e também moedas, indicando que as pessoas tentaram escapar do local as pressas, deixando tanto a comida quanto o dinheiro.

E por falar em escape, o que impressiona mesmo são os corpos petrificados, que realmente mostram em todos os aspectos como foi catastrófica a destruição da cidade. Não são muitos os corpos expostos ao público (apenas 4 pessoas e 1 cachorro), mas se percebe os mesmos em posição de fuga ou então de inanição diante de uma morte eminente. O terror fica estampado na face, que embora totalmente desfigurada, transmite a reação de um ser lutando ou suplicando por sua vida. Postei a foto de uma pessoa que morre em uma aparente posição de prece, como que clamando aos deuses por algum auxílio ante a destrução.

Pompeia realmente foi um passeio que valeu a pena. E recebe o selo Novato de recomendação para outros eventuais novatos que venham por essas bandas. Por si só, compensa os dissabores de Napoles. Mas deixemos Napoles para um outro dia.

sábado, 18 de junho de 2011

Roma e o maior teatro do mundo

Ou deveríamos chamar de circo? O novato ficou em dúvida sobre qual palavra usar para o título de hoje, mas desde que o nome oficial do Coliseu é Anfiteatro Flavio... Bem, esse foi o nosso programa de hoje, incluindo todo o complexo que corresponde a antiga Roma, bem no coração da moderna Roma.

O Coliseu (também chamado de Palatino) e o Foro Romano são parte de um grande complexo cultural cravado bem no coração da cidade. É curioso que muita gente, assim como eu até dois dias atrás, tem uma boa idéia do que é o Coliseu, mas não sabe que nos seus arredores há um vasto conjunto de ruínas e antigas construções correspondentes à Roma Antiga. O próprio local é um sítio arqueológico, por isso a visitação a algumas ruínas é restrita. Ainda assim, é possível ver e mesmo tocar algumas delas, ao passo que as construções que se encontram em bom estado, como a Casa di Augusto, são tranformadas em museus, onde são expostos as descobertas arqueológicas das próprias ruínas. Tem até uma indicação de onde ficaria a cabana que teria nascido Rômulo. Durante a visita, fica-se sabendo que os primeiros vestígios de povoação em Roma datam do século VII AC, o que significa que o negócio é velho pra caramba.

Visão parcial do Foro Romano
A caminhada pelo Foro Romano é longa, cansativa (devido as ladeiras e ao forte sol), mas vale a pena. A gente consegue ter uma idéia muito boa de como era a cidade na idade antiga, desde as casas até as construções mais sofisticadas. E o termo sofisticado é muito apropriado aqui, pois a técnica de construção usada impressiona, mesmo para os dias de hoje. É possível distinguir diferentes camadas de ruínas, algumas mais antigas em um extrato inferior, e outras mais modernas, construídas ou restauradas sobre os encombros de outras construções. Em vários pontos, cartazes tentam indicar o que havia ali no passado, alguns até apresentando desenhos sobre uma possível configuração das ruínas, com base nos achados arqueológicos. Há indicações de ruínas dos antigos palácios dos Césares e dos templos dedicados aos deuses, algumas com forte influência grega em suas linhas. Foram 5 horas de caminhada para percorrer todo o Foro Romano, incluindo os museus, mas tudo que se vê impressiona bastante, com certeza é um passeio que eu faria de novo (desde que não fosse hoje!).

Visão interna do Coliseu
Deixei o Coliseu para a parte da tarde. Já era quase 3 horas quando segui pra lá, e não me arrependi, pois realmente a luz estava bem mais adequada para fotos. O Coliseu é a maior arena de festivais da antiguidade, que se tem relato. E de fato, seu tamanho impressiona. Era o famoso circo romano, local que abrigava os espetáculos para divertir as massas e garantir parte do famoso refrão dos governantes: "pão e circo". E era um circo de horrores, por se dizer. Espetáculos de extrema violência, envolvendo lutas sangrentas e execuções. Nos corredores do Coliseu estão expostos objetos removidos dos sitios arqueológicos, entre eles carcaças de animais, armas e utensílios diversos identificando que o povo que assistia aos espetáculos pertencia a todas as camadas sociais da antiga Roma. Internamente, o Coliseu se aparenta muito com um estadio de futebol, mas arena hoje exibe as galerias subterrâneas de outrora. Enfim, é um local fantástico de se visitar e conhecer.

Muito cansado da caminhada, do sol e das filas, voltei para o hostel e estou encerrando Roma. Posso dizer que Roma, embora não tenha sido necessariamente meu estilo de passeio, é uma parada obrigatória na Europa, ou seja, visite-a ao menos uma vez na vida. Amanhã, um novo destino italiano espera pelo novato!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Roma e o menor país do mundo


Piasa San Pietro, Vaticano
Hoje o novato começa assumindo, antes de mais nada, que Roma conseguiu dar uma canseira nele. E devido a vários aspectos. Hoje, ao final do passeio, as pernas pensavam bem mas do que de costume, e mesmo que o hostel que estou hospedado não seja lá essas coisas, senti vontade de chegar o quanto antes nele. Bem, vamos aos assuntos.

Roma está me fazendo sentir novamente no Brasil, tanto por razões positivas como negativas. Primeiro, pelo jeito malandro do italiano, que apenas reforça minha tese de que muito do jeitinho brasileiro foi incorporado ao nosso DNA dada a forte imigração italiana ao Brasil. Por aqui se faz tudo para ganhar uns trocos dos turistas, desde se vestir de gladiador para posar pras fotos até colocar nos banheiros máquinas de moedas que não dão troco, obrigando você a ter uma quantia certa de 80 centavos ou entao deixar 20 centavos de gorjeta, se tiver apenas moedas de 1 euro. Outra coisa: acho que existem mais filas em Roma do que no Brasil. É fila pra entrar nos lugares, fila pra comprar ingressos para entrar nos lugares, fila pra pedir informações sobre onde se compram os ingressos, enfim, se bobear tem até fila pra entrar na fila. Só para se dar uma idéia, a fila para entrar na Capela Sistina é de 2 a 3 horas (e tem italiano que vende ingressos VIP para não pegar fila, por 4 vezes o valor do ingresso normal). É bem verdade que tudo isso gira em torno da assombrosa quantidade de turistas que caminham pela cidade. Dos grandes centros que visitei até o momento, Roma é de longe o mais movimentado de todos.

Mas vamos às coisas boas! Há muito por se ver aqui. Os pontos de visitação se estendem por uma vasta área da cidade, e o relevo formado por montanhas, com subidas e descidas, dificulta bastante percorrer as distâncias a pé. Uma boa pedida é utilizar o metro, que interliga boa parte dos locais de visitação, mas ainda assim muitas vezes é preciso andar (e muito). E uma dica melhor ainda é comprar um Roma Pass, uma espécie de pacote da Secretaria de Turismo de Roma que permite usar o transporte coletivo a vontade durante 3 dias e ainda dá direito ao ingresso em 2 pontos de visitação.

Valendo-me disso, comecei com uma passagem rápida no Coliseu, que fica ao lado de uma estação do metro que leva seu nome. A passagem foi rápida, apenas para se ter uma idéia do tamanho da criança, bem como do Forum Romano, o conjunto de ruínas que fica ao lado do Coliseu e é também aberto a visitação. Depois de estimar o tamanho das filas (que nunca são pequenas) decidi deixar estes dois lugares para o dia seguinte, e ir primeiro ao Vaticano, o menor país do mundo!

O Vaticano fica a uns 500 metros da estação de metro São Pedro, e é fácil chegar caminhando até lá. No caminho, muito italiano te aborda vendendo ticket VIP (aquele que dá direito e furar fila), e às vezes eles usam até de truques, se passando de turistas que querem informação (isso não é a cara do jeitinho brasileiro?). Quando finalmente se entra neste outro país, vê se a Praça São Pedro, que é um troço gigantesco, e a imponência da basílica de São Pedro e do museu do Vaticano. Tirei boas fotos por lá, mas definitivamente desisti da fila para ver a Capela Sistina. Estava um sol muito quente, que não deixava nada a dever ao sol do Rio de Janeiro, e eu decidi gastar minhas 3 horas de fila visitando um um ponto não muito longe dali: o Castelo de São Angelo, cuja fila era de apenas 10 minutos.

Castelo di San Angelo
Este castelo foi construído no século XV, e é portanto relativamente moderno para a cidade. O mesmo é aberto a visitação no modelo de um museu, e você pode ver ao mesmo tempo galerias de exposições nas salas do castelo, bem como visitar o castelo e ver suas peculiaridades, como os dutos de ventilação, as escadarias em espiral, a sala de armas, os muros de proteção, os canhões e catapultas disponíveis para defesa, entre outras coisas. O castelo possui quatro torres laterais e uma central, no topo das quais é possível ter uma boa visão de toda a cidade de Roma, e tirar boas fotos.

Fontana di Trevi
Terminei o dia com uma caminhada que me permitiu passar pelo Panteon (que embora seja um antigo tempo pagão, foi transformado em igreja a muito tempo) e pela Fontana di Trevi, uma bela fonte onde a agua jorra por entre uma grande escultura em mármore. Nos dois lugares, fiquei mais uma vez impressionado com a quantidade de pessoas. Como o acesso aos dois pontos é gratuito, a fila agora era para as fotos.

Cansado de filas e da caminhada, voltei para o hostel e fui pra fila do chuveiro. Ainda bem que as camas não tem fila. Vou tentar descansar o máximo para encarar novas filas amanhã.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Veneza

Uma coisa com certeza é verdade: Veneza é única. Não acredito que exista nada de parecido no mundo. Uma cidade antiga, que por séculos tem sobrevivido entre as águas, onde em algumas das casas a porta dá de cara pro mar, só é possível entrar de barco. O novato apenas ficou chateado porque, por algum motivo ainda não descoberto, perdeu parte de suas fotos (ironicamente as melhores). Mas ainda assim, com um acervo de 200 cliques, foi possível fazer um passeio muito bem aproveitado de 2 dias em Veneza.

Antes, porém, vamos falar um pouco sobre a Itália. Definitivamente, estamos em outro país, talvez até mesmo em outra Europa. Não sei se faz parte da pronúncia do italiano, mas todo mundo tem que falar alto por aqui. E muitas vezes, isso soa mal educado. Mesmo o pessoal que lida diretamente com os turistas parece não ter o hábito de falar em inglês. Eles gritam 3 vezes em italiano com você e depois de se certificarem que você não entende italiano e também não é surdo, eles dizem alguma coisa em inglês, e aí você finalmente compreende o recado. Isso aconteceu comigo em uma das travessias de barco pelos canais. Provavelmente por motivos de segurança, não é permitido permanecer no barco com a mochila nas costas. Entretanto, isso só é visível em um anúncio de 20 cm, sem qualquer palavra (tem apenas e desenho de um homenzinho em pé, com uma mochila nas costas, e um X vermelho). Depois da italiana gritar comigo 3 vezes em italiano, ela me disse "please, Sir, put your bag down, check de advise". Além disso Ao novato resta apenas dar boas risadas desta situação. Outra coisa que muda muito por aqui são os cheiros. As massas cheiram maravilhosamente bem, e passar em frente a um restaurante italiano é uma tentação. Infelizmente não se pode dizer o mesmo dos banheiros. Até agora são os piores que encontrei na Europa...

Bem, todos sabem que Veneza não tem ruas, mas sim canais. Assim todos os trajetos mais longos são feitos de barco ou nas gôndolas. Os barcos correspondem aos ônibus de transporte público (inclusive tem as linhas de barco, com as paradas e tudo mais); as gôndolas, aos taxis. E ambos são caros. Alíás, Veneza é uma cidade cara, isso é perceptível nos visuais luxuosos das pessoas. Para alguém de mochila nas costas, é negócio é caminhar por onde puder, fazer as travessias pelas pontes e curtir cada detalhe do visual da cidade, que tem todo o seu mistério e encanto. E dito isso, iniciamos nossa caminhada. Digo "iniciamos" porque hoje a menção honrosa do blog vai para a Marina e o Juan, um casal de mexicanos que conheci no hostel e estiveram comigo durante o passeio, dividindo muitas despesas e tirando muitas fotos.

A caminhada não é longa, mas é fácil se perder em tantas ruas e vielas muito parecidas. A gente tenta se orientar por um mapa e pela direção do sol. A cidade é formada por pequenas ilhas, e se estamos a caminhar, as travessias devem ser feitas pelas pontes, de modo que muitas vezes é preciso dar uma volta boa para se visitar alguma construção específica. Mas é exatamente isso que torna o passeio interessante. A cada esquina, você pode se deparar com casas pitorescas tendo roupas penduradas na janela (incluindo roupas íntimas) ou ainda com lojinhas que vendem todo tipo de produtos, incluindo as tradicionais máscaras de viena a camisetas e souveniers.

O ponto alto da cidade é, entretanto, a Piaza San Marco, com uma imensa catedral e uma torre que datam do século XIV. É o ponto mais movimentado da cidade, muita gente fotografando e fazendo fila para os museus que também se encontra na praça. Foi lá que me despedi dos amigos mexicanos perto das 3 horas da tarde e corri novamente para pegar o trem do dia, com destino a nossa próxima parada, mas isso fica pra amanhã.

PS: há muito mais fotos de onde estas saíram. É só verificar no meu perfil do facebook dentro de alguns dias!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Como deixar a Austria

Hoje o novato começa afirmando que foi muito difícil deixar a Austria. Mesmo porque ele escolheu dar o fora pelo lado mais bonito do país, daí é quem nem terminar namoro com uma linda morena de olhos claros, alta e sensual, que te abraça, beija e jura que te ama. Você sabe que tem que fazer isso, mas na hora H falta coragem. Enfim, a Austria é um país lindo, e o trem que parte da Austria para a Italia cortando os Alpes Austriacos é uma viagem inesquecível.

Confesso que a princípio decidi incluir a Austria no roteiro simplesmente para poder fazer esta viagem de trem. É um trajeto longo, de quase 6 horas entre Innsbruck e Veneza, mas que vale a pena para cada minuto que se passa no trem. O díficil é tirar fotos. Primeiro por causa das janelas dos trens, que por mais que a gente se esforce, acabam sempre deixando um reflexo indesejável na paisagem. Segundo, porque é tanta coisa ao mesmo tempo que você fica sem saber o que fotografar primeiro, e acaba perdendo muita coisa. Cliquei quase 500 vezes durante a viagem, e os nativos que seguiam no trem me olhavam com aquela cara de "o que esse novato tá fazendo aqui"?

Parti de Salzburg para Innsbruck, uma viagem de 3 horas que mostra algumas imagens bonitas, mas nada ainda significativo. Em Innsbruck é necessário trocar de trem, e os 30 minutos de parada me deram tempo suficiente para uma foto nerd histórica. Foi em Innsbruck que o Douglas Adams teve a brilhante idéia de escrever o Guia do Mochileiro das Galáxias, então, nada mais adequado do que tirar a toalha da mochila, por na cabeça, e ao lado da plaquinha que identifica a estação, eternizar este momento. Esta foto e muitas outras estarão disponíveis logo logo no meu perfil do facebook. Confira!

Voltando ao nosso percurso de trem, o novato precisou de babador logo na primeira curva após Innsbruck, quando se inicia uma decida sinuosa que revela uma paisagem digna dos filmes do Highlander. Não dá pra descrever, assim deixemos que as fotos amadoras deste post falem por si.

O caminho prossegue até cruzarmos a fronteira com a Itália, e após alguns quilômetros a gente definitivamente percebe que está em outro país. É curioso, mas na Itália, embora a paisagem continue bela, as coisas parecem mais largadas, do tipo, "deixe o mato crescer e vamos curtir a vida". Ainda assim, a gente vê muitas fazendas ao norte da Itália, com vinhedos e tudo mais. A segunda foto dá uma idéia boa do cenário que vamos encontrar até Verona, cidade a partir da qual a paisagem se torna mais urbana, com fábricas e indústrias.

O passeio termina com a chegada a Veneza, que por si só é um show a parte. Mas isso é assunto pra amanhã.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Salzburg

Salzburg foi um desses lugares onde uma visita despretenciosa acaba por se tornar uma grata surpresa. Você não ouve falar muito de pessoas que vêm a Europa e visitam Salzburg, embora a cidade tenha uma contribuição cultural muito importante para a humanidade: Mozart nasceu aqui. Mas além desse detalhe muito relevante, que em um primeiro momento foi o que levou o novato a passar por aqui em fazer uma parada de um dia em seu roteiro para o próximo destino, Salzburg se revelou uma cidade muito bela e interessante para se compreender como funcionavam as cidades na Europa medieval.

Antes de prosseguir com nosso relato do dia, é preciso fazer aqui uma menção honrosa a um casal de brasileiros de Maringá (eita, terrinha boa!) que conheci ainda no trem e que além de permitirem o novato acompanhá-los por todo o dia, mostraram-se fotógrafos profissionais com uma contribuição primorosa para meu album de fotos. Assim, ao Andres e à Vanessa, o nosso muito obrigado, e deixo o link do blog da Vanessa, que tem muito mais informações úteis e relevantes: http://vainatrilha.wordpress.com.

De volta a Salzburg, a cidade tem duas partes distintas: uma bem antiga (que o pessoal se refere como o Centro) e outra bem moderna, onde possivelmente a cidade expande sua urbanização e ficam as construções recentes como a estação de trem, vários hotéis e outras coisas mais. As duas partes são separadas por um rio. Nossa visita exploratória se concentou no Centro, pois é lá que se encontram os pontos turísticos relacionados ao garoto prodígio e orgulho da cidade, o jovem Mozart.

Uma das coisas que não tem nada a ver com o Mozart e me chamou muito a atenção é o fato da cidade antiga estar praticamente cravada dentro de um maciço de rocha, que com certeza servia como proteção natural para a cidade, que o utilizava como muralha. Hoje é possível passar por um corredor de aproximadamente 50 metros de comprimento escavado na rocha, mas a gente nota que no passado, acessar a cidade por esse lado era impossível. O maciço se ergue por uma altura estimada de uns 30 metros, sendo que no topo a gente vê algumas construções que são vestígios de guarnições militares. É possível perceber que a cidade foi estratégicamente construída em um lugar que era fácil de se proteger, pois se algum exército tentasse invadí-la, teria que fazê-lo por um único caminho. O outro lado da cidade é protegido por um rio, o Salzach. E no ponto mais alto da cidade, vê-se um imponente castelo, que possivelmente é o que deu origem ao nome Salzburg e deveria ser a casa do senhor feudal dessas terras. É muito interessante andar pela cidade e notar esses detalhes, algo que até então eu não havia percebido nas demais cidades visitadas, talvez por serem atualmente grandes metrópoles e devido a expansão urbana, limitarem a visão de quem as visita no tocante a estes aspectos.

No entanto, estar em Salzburg signfica reverenciar Mozart. Tanto a casa onde ele nasceu como a casa que posteriormente fixou residência foram transformadas em museus, e abertas a visitação. Uma estátua do músico pode ser vista bem no centro da cidade, indicando seu lugar de honra. Além disso, o povo empresta seu nome para teatros, escolas de música, lojas, até um chocolate chamado Mozart abunda por aqui (e considerando que é muito barato, não creio que seja muito bom não). E como não poderia deixar de ser, fechamos o post com uma homenagem ao Sr. Wolfang Amadeus Mozart em nossa última noite na Austria, enquanto nos preparamos para cruzar a próxima fronteira. Mas isso é uma outra história...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Viena

O Danubio (Azul???)
Bem, oficialmente, hoje foi o primeiro dia de Austria. Digo oficialmente porque ontem o novato aprendeu como lavar suas roupas em um hostel, e acabou conhecendo uma lavanderia da Austria, mas nada relevante em termos de viagens. Foi uma experiência meio traumatizante, pois por um momento ele pensou que teria que fazer o passeio de hoje vestindo pijamas, quando a máquina de secar roupas parou no meio do processo e exibiu uma mensagem em alemão que segundo o manual em inglês significa "chame a manutenção". Mas no fim das contas deu tudo certo, apenas umas 2 ou 3 peças de roupa destruídas, nada que comprometesse a continuidade do nosso itinerário.

Quando se vem da Alemanha para a Austria, as diferenças são sutis. Não sei quem copia quem, mas a gente ouve o mesmo idioma, vê um modelo de transporte público muito parecido, os hábitos das pessoas nas ruas parecem similares, enfim, por alguns detalhes e a gente nem perceberia que está em outro país. Mas quando se começa a caminhar por Viena, as diferenças surgem, de forma bem visível.

Como descrever Viena... Creio que a melhor palavra é arte. Tudo que se vê, tudo que se nota ao redor, tem uma conotação artística muito forte. Começamos pelas ruas e vielas mais estreitas, mostrando uma cidade que conta com alguns anos em sua existência, mas logo atingindo as grandes praças com uma extensa área verde e construções imponentes que parecem afirmar que aquilo foi no passado um rico e próspero império, a arquitetura do neoclássico é abundante. E a riqueza em música, indescritível, tanto que Viena é considerada mundiamente a cidade dos músicos. Eu contei pelo menos uns 6 teatros onde ocorrem concertos simultâneos, praticamente todas as noites. E além dos concertos há dança, teatro cênico, museus relacionados a arte, e tudo que se possa imaginar.

Montei meu itinerário de passeio para hoje, e tive que tentar ser disciplinado para seguí-lo a risca. Vários museus pelos quais passei eram extremamente tentadores, mas eu sabia que se caísse na tentação, não chegaria ao Danúbio, meu primeiro objetivo. E lá foi o novato, caminhando, tirando fotos, parando pra babar nas grandiosas obras arquitetônicas dos museus e teatros, entrando nas lojinhas de souveniers para ver o que havia de interessante e barato. Cheguei finalmente ao Danúbio às 14 horas, com muita fome e sede. Daí, veio a única decepção do dia: o Danúbio não é azul! Não sei se na época do Strauss ele era azul, mas hoje ele estava algo entre verde e cinza, aquela cara de rio de cidade mesmo, onde se vê boiando algumas coisas que não deveriam estar ali. Enfim, limpeza talvez seja um problema na Europa, como em todo lugar, onde ainda se vê elementos humanos urinando nas esquinas, demarcando o território. Mas a vista do Danubio é bonita, moderna, projetando ao fundo um prenúncio dos alpes austríacos. Objetivo atingido, pegamos a primeira foto pro post de hoje.

Visão interna do Musikverein
Iniciado o caminho de volta, aproveitando a luz inversa para obter fotos melhores de vistas que estavam à sombra pela manhã, me dei conta que faltava algo, algo de suma importância que eu não poderia deixar de fazer. É inaceitável vir a Viena e não assistir a um concerto. E eu tive um baita de um problema, porque hoje era feriado, estavam ocorrendo apenas dois concertos na cidade e os preços eram bem salgados. Nem teve jeito, o novato foi pro sacrifício, e abriu a carteira, garantindo o ingresso em um concerto da Wiener Mozart Orchester, no renomado teatro Musikverein.

E assim fechamos o dia: após quase 2 horas de um seleto repertório de Mozart e finalizando com o Danúbio Azul de Johann Strauss, conclui minha primeira impressão de Viena: uma cidade viva, com muita arte e música da melhor qualidade. Mas a viagem tem que continuar.

domingo, 12 de junho de 2011

Munique

Frauenkirche, em restauração
Hoje o novato escreve, pela primeira vez, de dentro de um trem que acaba de cruzar a fronteira entre a Alemanha e a Austria em Salzburg. Desde que já tiramos bastante foto hoje e ainda temos 2 horas até o nosso próximo destino, nada melhor do que aproveitar o tempo de janelinha para redigir o post de hoje. Uma pena não ter conexão de internet nos trens, pois se tivesse com certeza daríamos um jeito de realizar uma broadcast pelos alpes austríacos, que até agora eu vi apenas um pedacinho, mas já deu água na boca. Mas enfim, a Áustria é assunto para amanhã, porque hoje o dia foi dedicado a Munique.

Munique foi uma passagem relâmpago, que durou apenas uma manhã. Como choveu muito ontem durante a tarde e quase por toda a noite, não foi possível fazer muita coisa antes que amanhecesse um novo dia. O jeito foi tentar dormir cedo (a palavra tentar é apropriada quando nos referimos aos hostels, mas eu vou deixar pra detalhar isso outro dia) e acordar bem cedo para aproveitar tudo o que fosse possível numa manhã. Dito e feito, vou possível ter uma boa idéia do centro da cidade, onde se encontram os pontos turísticos mais visitados e assim poder emitir uma impressão.

Antes de qualquer coisa, preciso dizer que a diferença entre Munique e Berlim é significativa, mas não é fácil de explicar. Após pensar e pensar sobre isso, decidi optar pela seguinte analogia: é como se Berlim fosse um homem e Munique uma mulher. Berlim passa a idéia de uma cidade robusta, esbelta, onde tudo é muito grande mas ao mesmo tempo extremamente funcional e prática. Munique, por outro lado, tem um certo charme, um jeitinho aconchegante, que atrai e seduz. Em parte, talvez a diferença se deva ao fato de Berlim ter sido praticamente reconstruída após a Segunda Guerra, enquanto Munique conserva em vários aspectos a idéia de uma cidade mais antiga. A verdade é que as duas cidades oferecem muitos atrativos para quem as visita, em diversos aspectos. Lamentei não poder gastar 3 dias em Munique como fiz em Berlim, mas por outro lado isso é bom, pois tenho mais um motivo para voltar algum dia.

Neues Rathaus
Caminhar pelo centro de Munique é extremamente fácil, há um calçadão próprio para isso, e o fluxo de pessoas é bem grande. Há muitas lojas e opções de compra, embora todas estivessem fechadas por ser domingo de manhã. O que mais se vê são igrejas, sendo uma delas um dos os principais cartões postais da cidade: a Frauenkirche. Além desta igreja, vale uma menção honrosa para a Neues Rathaus.


A Frauenkirche, conhecida como as torres gêmeas de Munique, impressiona por ser uma estrutura do século XV construída em tijolinhos (e quando você vê o tamanho do negócio, tem que tirar chapéu para o engenheiro alemão que fez o cálculo estrutural disso tudo). Uma pena que a igreja se encontrava em restauração, assim foi possível fotografar apenas uma das torres. 


A Neues Rathaus é uma grande estrutura arquitetônica com uma torre gótica relativamente recente (século XIX), cuja arquitetura impressiona em sobremaneira devido aos detalhes. Hoje ela abriga parte da administração municipal de Munique. Voltei duas vezes para tirar fotos desta construção com diferentes ângulos de luz.

No mais, a gente percebe uma cidade moderna, com vida urbana agitada, muitas opções culturais, museus, anúncios de festivais por toda a parte, enfim, algo digno da maior cidade da Alemanha. E por estarmos na Bavária (que por si só é um show a parte e receria um post individual), o novato encerra o post de hoje pedindo a mim para escrever que essa é com certeza uma das regiões mais belas do mundo, e se um dia você decidir morar na Alemanha, procure uma casa por aqui.

sábado, 11 de junho de 2011

A Alemanha de uma janela de trem

Hoje o novato acordou cedo para tomar um café da manhã reforçado, fazer checkout do hostel e por o pé na estrada, rumo a Munique. Após pedir informação umas 5 vezes pra ter certeza de que estava no lugar certo, ele embarcou no seu primeiro trem ICE (um dos trenzinhos rápidos da Alemanha) rumo a Munique, nossa próxima parada nesta viagem épica!

Entretanto, às vezes mais importante que a chegada é o caminho, então em uma viagem de trem que dura quase 6 horas, é importante aproveitar muito bem os locais por onde se passa. E da janela do trenzinho vê-se uma Alemanha bem diferente daquela fotografada em Berlim. São quase 600 km de paisagens, que variam desde as monótonas estações de trem, que praticamente toda cidade no caminho possui uma, até algumas visões bucólicas da natureza que parecem ter sido tiradas dos contos infantis dos Irmãos Grim.

No caminho, vi algumas coisas interessantes em termos de tecnologia alemã, como por exemplo o próprio controle da malha ferroviária, que a gente percebe em momentos que o trem reduz ou acelera próximo a uma junção e você vê um enorme trenzão passar em sentido contrário, na mesma linha que seu trem se encontrava segundos antes. Pude ver também diversas usinas eólicas e painéis solares, mostrando que os alemães estão alinhados com a energia ecologicamente correta.

Mas o mais impresionante do caminho é ver as pequenas vilas e cidades, que praticamente crescem em volta da estação ferroviária. As casas são simples, mas ao mesmo tempo aparentam ser tão bem cuidadas que parecem casinhas de boneca. Diferente da selva de concreto que estamos acostumados e ver em nossas cidades, parece que todo mundo por aqui gosta de ter um jardim com muito verde, roseiras e um playground para as crianças. A sensação que passa é de que os alemães valorizam bastante este aspecto do lar, da família, pois no minimo eles gastam muito tempo cuidando de suas casas.

Após 6 horas, cheguei a Munique a tempo de marcar minha próxima viagem, já para amanhã a tarde (infelizmente Munique será uma visita relâmpago, só mesmo para constar que passei por aqui) e fui direto pro hostel, pois explorar a cidade com toda a bagagem nas costas faz com que as impressões se tornem negativas muito rápido. Amanhã, falamos mais sobre Munique.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Um elevador e uma deusa

Hoje é meu terceiro e último dia em Berlim. Amanhã vou experimentar minha primeira viagem em um dos famosos trens rápidos da Alemanhã, cruzando o país rumo ao sul, até Munique. Assim, vamos ao post de hoje, com as últimas impressões e conclusões do novato. Apesar de três dias de fortes emoções, ele deixa Berlim com a sensação de que ainda há muito por se ver e conhecer

Tenho uma coisa a elogiar: a educação e tratamento gentil dispensado pelos alemães de Berlim aos visitantes. Não sei se isso é influência dos belos dias de verão que tive a felicidade de passar aqui, mas em todo o momento sempre fui muito bem tratado, fosse em um restaurante ou loja, ou mesmo para pedir informações nas ruas. Realmente é muito fácil encontrar um alemão falando inglês, e mesmo quando não fala, eles se esforçam para tentar te entender e te auxiliar, sempre de uma maneira muito objetiva, mas ainda assim muito humana. Por várias vezes, quando estava sozinho tentando produzir um auto retrato (aquelas fotos que a gente tira de si mesmo várias vezes tentando colocar a cara junto com a paisagem), pessoas se aproximavam e se ofereciam para tirar a foto.

Meu passeio de hoje foi começar pela famosa Alexander Platz, uma das praças mais famosas da cidade, bem próxima a Fernesehturm (é essa pequena torrezinha de 368 metros estampada na foto de hoje), e seguir por uma bela caminhada de aproximadamente 3 km até o Portal de Brandenburger, que é um dos símbolos da cidade. Mas, antes da caminhada, é obrigatório uma subida até o topo da Fernesehturm.

O acesso a torre possui um sistema razoável de segurança, muito provavelmente por temor a atentados terroristas. Você é vistoriado e se carregar contigo qualquer tipo de liquido ou latas, terá que jogar no lixo. A subida é feita de elevador, a uma velocidade de 6 metros por segundo (você sente o ouvido doer com a rápida mudança da pressão). La em cima, a visão panorâmica da cidade impressiona, principalmente se você entrar no restaurante giratório que tem lá. Dá pra tirar umas fotos muito legais.

De volta ao solo, o novato seguiu sua caminhada, passando por muitos prédios e antigas construções, incluindo o Museu de Arte de Berlin e algumas universidades. A cada 100 metros, uma pausa para fotos e, se o cansaço batia, uma sentada em algum banquinho, regada a bastante liquido e algumas nozes para dar mais energia. Hoje não levei Kinder Ovo, mas em compensação tinha comigo uma barra de Ovo Maltine, e acreditem, é melhor que o Kinder Ovo.

No Portal de Brandenburger, peguei o ônibus até a Siegessaule, também conhecida como Coluna Victoria, que acredito ser o monumento mais conhecido de Berlim, e remonta aos tempos do império Prussiano. A gigantesca estrutura (segunda foto de hoje) impressiona qualquer um. Quando a gente se aproxima, a sensação de imponência passada pela "bronzeada" Victória (uma das deusas da mitologia teotônica) se torna ainda maior, e pude contemplar a mesma já ao final do dia, com os detalhes dourados a refletir o sol. Fim de dia, amanhã uma nova cidade nos espera.